Em tempos de privacidade compartilhada voluntariamente nas redes sociais, a vida sexual alheia ainda gera muito interesse. A conclusão baseia-se no êxito de Verdades Secretas, encerrada na noite de sexta-feira (25).
A trama recheada de infidelidade, sedução e impulsos sexuais registrou 20 pontos de média ao final de 64 capítulos.
É o maior sucesso na faixa das 23h desde 2011, quando a Globo retomou as produções nesse horário com o remake de O Astro. Para a emissora, trata-se também da novela de maior repercussão positiva em 2015.
No capítulo final, o principal desfecho confirmou informações vazadas à imprensa nos últimos dias: a boa mãe Carolina (Drica Moraes) cometeu suicídio ao finalmente flagrar a filha, Arlete/Angel (Camila Queiroz), na cama com Alex (Rodrigo Lombardi), de quem Carolina era mais empregada doméstica do que esposa.
A única surpresa foi a vingança tramada por Angel. Revelando-se psicótica, ela atraiu Alex para alto-mar e o assassinou com o mesmo revólver usado por Carolina para se matar. No fim, casou-se com Guilherme (Gabriel Leone) e lançou um olhar lascivo para a câmera, como só o fazem as grandes vilãs.
A terceira morte do último capítulo foi a de Hilda (Ana Lúcia Torre), avó de Angel, que sucumbiu à doença autoimune.
Verdades Secretas salvou a teledramaturgia da Globo no ano em que a emissora comemora o cinquentenário e vive uma de suas piores crises de audiência no horário nobre.
O período conturbado começou com a rejeição a Babilônia e prossegue com a trama atual, A Regra do Jogo, ainda sem conseguir a reação esperada.
Mesmo prejudicada pela instabilidade nos horários de exibição, a novela das 23h teve desempenho de ibope acima da expectativa e movimentou as redes sociais — elemento fundamental para o sucesso de uma produção na era dos teleinternautas.
Um dos mais hábeis autores na composição de personagens e criação de tramas, Walcyr Carrasco teve o texto valorizado pela direção absolutamente criativa e moderna da equipe de diretores liderada por Mauro Mendonça Filho.
Com linguagem visual híbrida, a novela teve elementos de seriado norte-americano, cinema noir e videoclipe. Uma ousadia bem-vinda (e quase fundamental) para o público acostumado com a variedade de estilos do YouTube.
O elenco apresentou um trabalho primoroso. Destaque para a performance de Marieta Severo, que na pele da cafetina de luxo Fanny exorcizou a imagem da doce Dona Nenê, a qual interpretou por 14 anos no seriado A Grande Família.
Até então modelo, Camila Queiroz surpreendeu em seu primeiro papel em TV, e já como protagonista. Impossível evitar o clichê: nasce uma jovem estrela.
Drica Moraes, sempre competente, provou que o destino agiu certo ao colocá-la no papel que chegou a ser interpretado por Deborah Secco em cenas descartadas após a atriz deixar a novela por estar grávida.
E não há como deixar de citar Grazi Massafera. Ao viver uma modelo arrogante transformada em viciada em crack e redimida como evangélica, ela calou os incrédulos de seu talento e sepultou de vez o título pejorativo de ex-BBB.
Entre os atores, a cena foi roubada por Rainer Cadete, o tresloucado Visky. Fez tantos fãs quanto o personagem gay anterior de Walcyr Carrasco, o Félix (Mateus Solano) de Amor à Vida.
De acordo com dados prévios do Ibope, o último capítulo de Verdades Secretas, que terminou às 00h58 deste sábado (26), registrou a excelente média de 25 pontos. O índice consolidado será divulgado apenas ao meio-dia da segunda-feira.